Colégio Anchieta contratou perita, que garantiu a veracidade do documento.
Texto e foto assinados estavam guardados em cofre, diz diretor da escola.
Uma carta escrita há quase 65 anos pelo físico alemão Albert Einstein
foi encontrada dentro de um cofre no Colégio Anchieta, na Zona Norte de Porto Alegre. O documento datilografado, assinado à mão pelo cientista, contém uma mensagem aos alunos.
A direção da escola contratou a perita judicial e grafologista Liane Pereira, que garantiu a autenticidade do documento.
Junto com a carta havia uma foto do cientista, também assinada.
Réplicas das relíquias estão expostas no museu da escola, dentro de uma
redoma de vidro.
A tradução do texto escrito em alemão é a seguinte: "Quem conheceu a
alegria da compreensão conquistou um amigo infalível para a vida. O
pensar é para o homem, o que é voar para os pássaros. Não toma como
exemplo a galinha quando podes ser uma cotovia [pássaro da família das
aludídeas]"
O diretor-geral da escola, João Claudio Rhoden, explica que, desde
quando começou a trabalhar na instituição, há cerca de 40 anos, ouvia
falar sobre o documento. Sabia que ele estava guardado em um cofre e que
a chave estava em seu próprio gabinete.
No entanto, a atribulada rotina de quem coordena um colégio com cerca
de 3 mil alunos não permitia que ele se dedicasse à busca pela relíquia.
"A chave [do cofre] estava no gabinete da direção, mas não havia um
momento para ir ver se estava lá, até que surgiu a oportunidade, em uma
feira científica, de aproveitarmos essa mensagem. É importantíssima",
disse o diretor.
Carta original escrita por Einstein em 1951 e dedicada aos alunos (Foto: Felipe Truda/G1)
Rhoden destacou a "beleza" da mensagem e do gesto do físico. "O homem
preocupado com Teoria da Relatividade e outras coisas pensou em escrever
para jovens de uma cidade que ele talvez nem imaginava existir", diz.
Pedido de padre
O professor Dário Schneider conta que a carta foi dedicada à escola a pedido do padre jesuíta Gaspar Dutra, que vivia nos Estados Unidos e, em 1951, encontrou-se com Einstein em Nova York. Dutra levou a carta a Porto Alegre e ela ficou guardada dentro de um cofre da escola.
O professor Dário Schneider conta que a carta foi dedicada à escola a pedido do padre jesuíta Gaspar Dutra, que vivia nos Estados Unidos e, em 1951, encontrou-se com Einstein em Nova York. Dutra levou a carta a Porto Alegre e ela ficou guardada dentro de um cofre da escola.
"Esta realmente é a mensagem que ele deixa para os anchietanos, no
sentido de motivá-los a buscar conhecimento, porque é uma pessoa
marcante na área da ciência. E nós, como educadores, queremos promover
isso", diz o professor.
Perícia
A perícia para verificar se a carta é autêntica foi feita por meio da comparação da assinatura na carta e na foto com imagens oficialmente reconhecidas. "O Instituto Oswaldo Cruz nos disponibilizou uma assinatura de quando Einstein esteve no Brasil, em 1925", conta Liane, a grafologista responsável pelo estudo.
"A assinatura partiu do punho de Einstein. O documento é legítimo tanto
na fotografia quanto na carta. Todas as características analisadas
apresentaram convergência", afirma.
Rhoden exibe trecho da perícia com a comparação entre as assinaturas de Einstein (Foto: Felipe Truda/G1)
A descoberta teve um significado especial para Liane. Habituada a lidar com falsificações, desta vez ela participou de uma importante descoberta.
"Na minha profissão, quando se faz análise de falsificações, é por
causas às vezes não muito nobres. E aqui nós estamos diante de um fato
histórico", festeja.
Ainda mais animado ficou o diretor da escola. "Este documento tem um
valor muito grande, além de qualquer valor histórico ou comercial, na
mensagem que está ali, esta lembrança que ele fez aos alunos", diz
Rhoden, que finalmente pode manusear a carta da qual ouvia falar há
quase quatro décadas.
Perícia confirmou que a assinatura é de Albert Einstein (Foto: Felipe Truda/G1)
Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/05/escola-do-rs-encontra-carta-escrita-por-einstein-para-alunos-ha-65-anos.html
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