Os Estados Unidos estão dispostos a aliviar a tensão e a deixar de fornecer armamento a Kiev, mas em troca exigem que as forças russas saiam da fronteira com a Ucrânia. Está ainda em cima da mesa a criação de um mecanismo de transparência que verifique o cumprimento das regras de cada lado.
A subida de tensão entre os Estados Unidos e a Ucrânia nas últimas semanas parece não ter solução a vista. Por um lado, os EUA prometem retaliar caso Moscovo avance militarmente na Ucrânia e por outro, a Rússia garante que não tem qualquer intenção de invadir o país e exige que o Ocidente pare de tentar influenciar a Europa de Leste e que nenhum ex-membro da União Soviética entre na NATO.
Até agora, não foi assinado nenhum acordo sobre segurança perto das fronteiras russas e os EUA também não se comprometem a impedir a entrada da Ucrânia ou da Geórgia na aliança atlântica. No entanto, foram conhecidos os detalhes da resposta norte-americana às exigência russas, a que o El País teve acesso.
No documento, a NATO oferece a Vladimir Putin negociações sobre acordos de desarmamento e medidas de construção de confiança em diferentes fóruns, como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) ou o Diálogo de Estabilidade Estratégica EUA-Rússia e o Conselho NATO-Rússia, nota o Expresso.
Em troca disso, os americanos exigem que a Rússia aceite retirar o exército e o armamento das fronteiras com a Ucrânia. Tanto a resposta da NATO como dos Estados Unidos não têm nada de novo, mas tornam claras as linhas vermelhas da negociação das forças ocidentais.
Os EUA oferecem novos “mecanismos de transparência recíprocos” que exigiriam um compromisso entre ambas as partes de se absterem de “implantar sistemas ofensivos de mísseis de solo e manter forças permanentes com uma missão de combate no território da Ucrânia”, com o aval de Kiev, visto que o país está a comprar armamento a Washingon já a antecipar uma invasão.
A reticência da Alemanha em tomar uma posição imediata também está a ser tida em conta, já que este estado-membro da NATO tem acordos de fornecimento de energia com a Rússia que não quer pôr em causa.
Washington propõe ainda novamente a criação de um “mecanismo de transparência” que se certificaria de que não existem mísseis de cruzeiro Tomahawk — que têm alcance suficiente para atingir a Rússia — nas bases militares da NATO na Bulgária e na Roménia.
Para que esta medida avance, a NATO quer que Moscovo “reduza imediatamente” e “de forma verificável e duradoura” do número de “forças armadas russas perto da Ucrânia e na Bielorrússia” cujo aumento “substancial” recentemente considera “não provocado, injustificado e contínuo”. Os EUA falam no mesmo tom, sublinhando que o progresso diplomático só acontecerá “se houver um alívio das ações ameaçadoras”.
Sobre uma eventual adesão ucraniana à aliança atlântica, os Estados Unidos sublinham que a Rússia também já reafirmou o “direito inerente de todo e qualquer Estado participante de ser livre para escolher”. Assim, Washington não promete bloquear uma entrada da Ucrânia, argumentando que isso é uma questão interna de cada país.
O Governo norte-americano abre a porta a uma discussão sobre o conceito de “indivisibilidade da segurança”, que têm interpretações diferentes dos dois lados. Para a Rússia, o princípio é posto em causa com uma possível entrada da Ucrânia na NATO, já que Moscovo considera que isso seria uma ameaça à sua segurança.
Já os Estados Unidos entendem a questão de outra forma, depois de, na chamada telefónica entre o Secretário de Estado de Biden e o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Putin, Antony Blinken ter lembrado que a “indivisibilidade da segurança é o princípio de que nenhum Estado possa fortalecer a sua segurança à custa de outros Estados”. Esta foi a definição usada num acordo assinado em 1999 pela Rússia e pela NATO.
Perante as diferentes interpretações que as várias definições suscitam, Washington estende a mão a Moscovo para que os países tentem encontrar um consenso. Resta-nos saber se a Rússia vai aceitar ou se o clima tenso actual vai continuar.
https://zap.aeiou.pt/documentos-secretos-eua-negociacoes-460781
A subida de tensão entre os Estados Unidos e a Ucrânia nas últimas semanas parece não ter solução a vista. Por um lado, os EUA prometem retaliar caso Moscovo avance militarmente na Ucrânia e por outro, a Rússia garante que não tem qualquer intenção de invadir o país e exige que o Ocidente pare de tentar influenciar a Europa de Leste e que nenhum ex-membro da União Soviética entre na NATO.
Até agora, não foi assinado nenhum acordo sobre segurança perto das fronteiras russas e os EUA também não se comprometem a impedir a entrada da Ucrânia ou da Geórgia na aliança atlântica. No entanto, foram conhecidos os detalhes da resposta norte-americana às exigência russas, a que o El País teve acesso.
No documento, a NATO oferece a Vladimir Putin negociações sobre acordos de desarmamento e medidas de construção de confiança em diferentes fóruns, como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) ou o Diálogo de Estabilidade Estratégica EUA-Rússia e o Conselho NATO-Rússia, nota o Expresso.
Em troca disso, os americanos exigem que a Rússia aceite retirar o exército e o armamento das fronteiras com a Ucrânia. Tanto a resposta da NATO como dos Estados Unidos não têm nada de novo, mas tornam claras as linhas vermelhas da negociação das forças ocidentais.
Os EUA oferecem novos “mecanismos de transparência recíprocos” que exigiriam um compromisso entre ambas as partes de se absterem de “implantar sistemas ofensivos de mísseis de solo e manter forças permanentes com uma missão de combate no território da Ucrânia”, com o aval de Kiev, visto que o país está a comprar armamento a Washingon já a antecipar uma invasão.
A reticência da Alemanha em tomar uma posição imediata também está a ser tida em conta, já que este estado-membro da NATO tem acordos de fornecimento de energia com a Rússia que não quer pôr em causa.
Washington propõe ainda novamente a criação de um “mecanismo de transparência” que se certificaria de que não existem mísseis de cruzeiro Tomahawk — que têm alcance suficiente para atingir a Rússia — nas bases militares da NATO na Bulgária e na Roménia.
Para que esta medida avance, a NATO quer que Moscovo “reduza imediatamente” e “de forma verificável e duradoura” do número de “forças armadas russas perto da Ucrânia e na Bielorrússia” cujo aumento “substancial” recentemente considera “não provocado, injustificado e contínuo”. Os EUA falam no mesmo tom, sublinhando que o progresso diplomático só acontecerá “se houver um alívio das ações ameaçadoras”.
Sobre uma eventual adesão ucraniana à aliança atlântica, os Estados Unidos sublinham que a Rússia também já reafirmou o “direito inerente de todo e qualquer Estado participante de ser livre para escolher”. Assim, Washington não promete bloquear uma entrada da Ucrânia, argumentando que isso é uma questão interna de cada país.
O Governo norte-americano abre a porta a uma discussão sobre o conceito de “indivisibilidade da segurança”, que têm interpretações diferentes dos dois lados. Para a Rússia, o princípio é posto em causa com uma possível entrada da Ucrânia na NATO, já que Moscovo considera que isso seria uma ameaça à sua segurança.
Já os Estados Unidos entendem a questão de outra forma, depois de, na chamada telefónica entre o Secretário de Estado de Biden e o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Putin, Antony Blinken ter lembrado que a “indivisibilidade da segurança é o princípio de que nenhum Estado possa fortalecer a sua segurança à custa de outros Estados”. Esta foi a definição usada num acordo assinado em 1999 pela Rússia e pela NATO.
Perante as diferentes interpretações que as várias definições suscitam, Washington estende a mão a Moscovo para que os países tentem encontrar um consenso. Resta-nos saber se a Rússia vai aceitar ou se o clima tenso actual vai continuar.
https://zap.aeiou.pt/documentos-secretos-eua-negociacoes-460781
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