A hipótese começou a ser discutida na Casa Branca, com Joe Biden a confirmar aos jornalistas que, no campo das sanções à Rússia, nada estava fora de hipótese. Mas, ao que parece, a mesma visão não é partida pelos países europeus, pelo menos no que respeita à proibição das importações de petróleo russo. Depois de diversas ações concertadas, este surge como o primeiro sinal de divisão entre os países do Ocidente.
De acordo com fontes internacionais, a primeira oposição terá surgido de Olaf Scholz, que se depara com o facto de o seu país ser altamente dependente do fornecimento de energia russa (sobretudo gás). “Isto não pode ser feito do dia para a noite”, disse o chanceler alemão, reconhecendo que sem a energia russa o fornecimento da Europa “não pode ser assegurado neste momento“.
Como forma de fazer face a esta realidade – ainda que não de forma imediata -, a Comissão Europeia apresenta hoje um programa que visa reduzir em 80% a dependência da importação de gás russo antes de 2030. As medidas visam, sobretudo, o aumento da eficiência energética e novas formas de abastecimento.
De facto, os mais dispostos a avançar são os que menos suscetíveis estão aos custos adicionais da medida. Por exemplo, Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, disse estar em “negociações muito ativas” com os países europeus para boicotar a importação de petróleo russo.
Boris Johnson seguiu o mesmo guião, afirmando, em conferência de imprensa em Downing Street, que a proibição “está claramente em cima da mesa”. No entanto, Scholz não está sozinho nesta luta. Mark Rutte, líder do Governo dos Países Baixos, após reunião com o primeiro-ministro britânico, explicou que a medida teria que ser “um processo passo a passo“.
“Temos de assegurar a redução da nossa dependência do gás russo, do petróleo russo, reconhecendo que, neste momento, essa dependência ainda existe até certo ponto”, adiantou. As declarações surgem numa altura em que é noticiado que os países da União Europeia pagam por dia 260 milhões de euros pelas importações de petróleo russo.
Perante essas reações, é provável que que os Estados Unidos avancem sozinhos, ou seja, sem o apoio dos países europeus, escreve o Público. Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca adiantou que o assunto está a ser “estudado internamente” e que “ainda não foi tomada qualquer decisão“.
A Administração Biden parece efetivamente comprometida com o esforço, ao ponto de ter enviado uma delegação a Caracas, com o objetivo de discutir uma eventual flexibilização das sanções impostas ao petróleo venezuelano.
https://zap.aeiou.pt/os-eua-querem-mas-a-europa-nao-alinha-embargo-ao-petroleo-russo-abre-fissuras-no-ocidente-466129
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