Desde 2015, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, apoiados pelos Estados Unidos, têm travado uma guerra no Iémen, numa tentativa de restabelecer o Governo pró-saudita derrubado por uma revolução popular. O grupo rebelde houthi, que Riade acusa de ser apoiado pelo Irão, tem tentado resistir aos árabes.
A Organização das Nações Unidas descreveu a situação vivida no Iémen como a maior catástrofe humanitária do mundo. O Programa Alimentar Mundial estima que metade das crianças do país com menos de cinco anos correm o risco de desnutrição aguda, com 400.000 em risco de morrer se não receberem tratamento.
Como o The Intercept realça, desde o presidente Barack Obama, sucessivas administrações americanas apoiaram a Arábia Saudita na sua guerra no Iémen.
A presidência de Joe Biden veio alegadamente mudar isso, com o líder norte-americano a prometer travar o conflito e acabar com “o ‘cheque em branco’ de Donald Trump pelos abusos dos direitos humanos da Arábia Saudita”.
Cerca de um ano depois, a promessa eleitoral de Biden parece ter sido em vão. A crise humanitária no Iémen nunca esteve pior, nem durante o Governo de Trump.
No ano passado, a Arábia Saudita reforçou um bloqueio de combustível, travando as importações iemenitas. As importações de combustível permitidas pelos sauditas rondam, em média, as 45 mil toneladas por mês, menos de um décimo das necessidades do país antes do conflito.
As consequências não tardaram e registaram-se quebras generalizadas de energia em hospitais. Além disso, os preços dos alimentos subiram em áreas controladas pelos houthis, agravando a crise de fome no país.
David Beasley, diretor-executivo do Programa Alimentar Mundial, visitou Saná, Áden e Amrãn, no Iémen, e realçou que a situação “é pior do que qualquer um pode imaginar”.
“O Iémen voltou ao mesmo desde 2018, quando tivemos que lutar contra a fome, mas o risco hoje é mais real do que nunca”, disse Beasley.
“E quando pensa que não pode piorar, o mundo acorda com um conflito na Ucrânia que provavelmente causará deterioração económica em todo o mundo, especialmente para países como o Iémen, dependentes das importações de trigo da Ucrânia e da Rússia. Os preços vão subir, agravando uma situação já terrível”, acrescentou.
https://zap.aeiou.pt/iemen-vitima-silenciosa-guerra-ucrania-467767
Nenhum comentário:
Postar um comentário