Agência caracterizou as movimentações como “profundamente preocupantes” e uma “violação” das resoluções das Nações Unidas.
A Agência Internacional para a Energia Atómica (AIEA), organismo pertencente à Organização das Nações Unidas, incluiu no seu relatório anual a possibilidade de a Coreia do Norte ter reativado o seu reator nuclear, o qual, acredita-se, estará a ser usado para produzir plutónio para armas nucleares.
Segundo escreve o The Guardain, os inspetores da agência não têm acesso às instalações desde que estes foram expulsos do país pelo regime em 2009. Desde então, a Coreia do Norte retomou o seu programa de armamento nuclear e rapidamente voltou a testá-lo — o que originou várias sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e pela ONU.
Como tal, as mais recentes constatações feitas pela AIEA surgem de um acompanhamento feito à distância, através de imagens de satélite, “Não existiam indícios de operações no reator entre dezembro de 2018 e o início de julho de 2021”, escreveu o organismo sobre o reator de 5 megawatts localizado em Yongbyon.
“No entanto, desde o início de julho de 2021, tem havido indicações, nomeadamente a descarga de água de refrigeração, o que é algo consistente com a atividade do reator”, pode ler-se no relatório, datado de sexta-feira, que é publicado online anualmente antes da reunião das nações que integram a agência. Em junho, a AIEA já tenha sugerido que existiam suspeitas de que em Yongbyon estava a decorrer um processo que consistia na separação do plutónio do combustível usado nos reatores para produção de armas nucleares.
No relatório divulgado na sexta-feira é ainda possível ler que a aparente duração dos trabalhos — cinco meses — sugere que em causa estaria o uso de um lote completo de combustível usado, quando para operações de tratamento ou limpeza dos resíduos seria necessário muito menos tempo.
A agência caracterizou as movimentações como “profundamente preocupantes” e uma violação das resoluções das Nações Unidas. A notícia já foi abordada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, com um alto representante a afirmar que o Washington teve conhecimento do relatório e está a coordenar a sua ação com países terceiros, avança a AFP.
“Este relatório ressalta a necessidade urgente de diálogo e diplomacia, para que possamos alcançar a desnuclearização completa da Península Coreana. Continuamos a procurar o diálogo com a Coreia, para que possamos questionar esta atividade relatada e todas as questões relacionadas com a desnuclearização.”
Em 2019, a propósito da cimeira de Hanói, a possibilidade de desmantelamento do reator nuclear foi discutida entre Kim-Jong-un, líder norte-coreano, e o então presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump. As condições do acordo seriam que em troca do efetivo desmantelamento as sanções económicas decretadas à Coreia do Norte seriam aliviadas, algo que Trump acabou por rejeitar por entender que a destruição de Yongbyon não justificava a suavização das sanções, lembra o Público.
O jornal cita Jenny Town, analista do site 38 North, que à Reuters disse que esta é uma altura pouco comum para as atividades serem retomadas em Yongbyon, devido às habituais cheias na região. Segundo outra perspetiva, a diplomática, na qual Joe Biden optou por redesenhar a estratégia a seguir para a Coreia do norte, mostrando-se aberto ao diálogo com o país de Kim-Jong-un, mas retirando-lhe o protagonismo dado por Trump.
https://zap.aeiou.pt/coreia-do-norte-tera-reativado-reator-nuclear-alerta-agencia-das-nacoes-unidas-427993
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