A administração da Volkswagen culpa a falta de ética de alguns trabalhadores pela instalação de um software fraudulento que falseou os dados da emissão de gases de milhões de carros e desculpabiliza as estruturas de topo da empresa.
O presidente da junta diretiva da
Volkswagen, Matthias Müller, responsabilizou, esta quinta-feira, a falta
de ética de alguns trabalhadores pelo escândalo das emissões de gases
dos carros da marca.
Ao rever o
processo, Matthias Müller considerou que deficiências de processos de
fabrico, condutas erradas e falta de ética laboral de alguns
trabalhadores estiveram na origem da criação de um software que permitiu a milhões de carros da marca iludir as inspeções aos gases produzidos pelos carros.
"As
responsabilidades não estavam suficientemente claras", disse Matthias
Müller, ao defender o plano tecnológico que a empresa implementou
entretanto a todos os níveis de produção, de forma a que os
trabalhadores estejam controlados permanentemente em todas as atividades
e processos que desenvolvam.
O discurso de Müller levou à
conclusão apresentada pelo presidente do Conselho de Supervisão do grupo
Volkswagen, Hans Dieter Pötsch. "Não existe prova alguma de que os
membros do Conselho de Supervisão ou os membros do Conselho de
Administração estejam implicados".
Hans-Dieter Pötsch contou, em
conferência de Imprensa, como se desenvolveu o maior escândalo automóvel
da atualidade. O presidente do Conselho de Supervisão do grupo
Volkswagen disse que tudo começou em 2005, quando a VW quis entrar em força no mercado norte-americano.
Ao
perceberem que não tinham tempo para criar uma motorização moderna e
compatível com as regras americanas, os engenheiros usaram o software em causa.
A
"existência de uma mentalidade em certas áreas da empresa que tolera
infrações às normas", segundo Pötsch, ajudou a perpetuar o esquema.
"Está provado que não foi um erro momentâneo. mas uma cadeia de erros
que permitiram que continuasse", acrescentou.
A Volkswagen
anunciou, ainda, que as medições e testes aos gases produzidos serão
externalizadas e feitas por uma empresa independente.
A 23 de
setembro, Martin Winterkorn pediu a demissão de cargo de presidente
executivo do grupo no seguimento do escândalo, após a acusação de a
empresa ter falseado os dados sobre as emissões dos carros a gasóleo.
"Acima
de tudo, estou chocado que a má conduta em tal escala foi possível no
grupo Volkswagen", afirmou. "A Volkswagen precisa de um novo começo. Estou a limpar o caminho para este novo começo com a minha demissão", acrescentou.
No
dia seguinte, o grupo alemão anunciava que o presidente dos carros
desportivos de luxo Porsche, Matthias Mueller, tido sido escolhido para
suceder a Martin Winterkorn como presidente executivo do grupo
Volkswagen.
A Volkswagen reconheceu ter falseado os dados, nos
quais estão envolvidos 11 milhões de veículos em todo o mundo, 125491 em
Portugal.
Segundo o documento apresentado pelo Ministério da
Economia do Governo anterior, há em Portugal 102140 mil veículos
afetados das marcas Volkswagen, Audi e Skoda e mais 23351 da marca Seat.
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