O sentimento não é exclusivo do futebol nórdico, mas é de lá que têm vindo as mais variadas formas de contestação à realização do Mundial de 2022 no Qatar.
Não é para menos. Desde que o Qatar ganhou o direito a organizar o próximo Mundial, em dezembro de 2010, que 6.500 trabalhadores da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka terão morrido neste pequeno país do Golfo Pérsico.
O internacional alemão Toni Kroos classificou como “inaceitáveis” as condições laborais em vigor no Qatar. “Os imigrantes são submetidos a jornadas de trabalho contínuas, sob temperaturas de 50.º graus, não são alimentados de forma condigna e não têm acesso a agua potável”, disse num podcast, em março deste ano.
No arranque da qualificação para o Campeonato do Mundo, jogadores da Noruega e da Alemanha exibiram t-shirts com mensagens de alerta para a situação vivida no país.
Esta semana, foi o internacional finlandês Tim Sparv a chamar a atenção para o que se está a passar. “Para qualquer pessoa que simplesmente se preocupa com os direitos humanos, continue a falar sobre o Campeonato do Mundo do Qatar”, lê-se na carta aberta publicada no The Players’ Tribune.
“Continue a discussão. Continue a expressar o seu apoio aos trabalhadores migrantes. Escreva, tweet sobre eles. Publique declarações. Fale. Coloque mais pressão sobre o Qatar e a FIFA”, prosseguiu.
Sparv diz que sabe que está a escrever esta mensagem tarde de mais e, que se o tivesse feito há mais anos, até “poderia ter salvado vidas”.
O seu colega de seleção Riku Riski até recusou participar num estágio com a Finlândia no Qatar, por razões éticas.
“Não sou um especialista, mas enquanto capitão da Finlândia eu sei que em breve poderei estar a jogar em estádios que custaram a vida a trabalhadores”, lamentou Sparv.
Agora, a federação sueca de futebol (SvFF), que costuma organizar um campo de treinos no Qatar durante o mês de janeiro, anunciou que este ano não o vai fazer.
Numa declaração no seu site oficial, a SvFF anunciou que após uma reunião com os treinadores da Allsvenskan, a principal divisão da Suécia, e com os representantes da liga, ficou “expressa a opinião unânime que o estágio não deve acontecer em Doha nos próximos anos”.
Sem o acordo dos clubes, não há jogadores dispensados para a seleção, realça a Tribuna Expresso.
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