Elon Musk será o novo dono do Twitter e esse assunto espalha-se pelo mundo.
Em diversos países, diversos espaços de informação ou debate, as questões multiplicam-se: qual será a real intenção do milionário? Como será o Twitter a partir de agora? Haverá reacções de outras plataformas de rede social?
Também já houve reacções dentro da Tesla, empresa dedicada a carros eléctricos que também pertence a Musk: as acções caíram mais de 22% e os investidores temem que a Tesla passe para segundo plano, na lista de prioridades do seu proprietário.
Por cá, as reacções também se multiplicam e, na manhã desta quarta-feira, Francisco Sena Santos começou por dizer que a internet tem sido um “mundo à parte, um faroeste sem lei, sem limites”.
Na rádio Antena 1, o jornalista destacou Donald Trump. O antigo presidente dos Estados Unidos da América utilizou as redes sociais para expor uma “catadupa de aldrabices”; e depois foi castigado nas eleições, quando perdeu para Joe Biden.
Pelo meio, a “atmosfera de ódio” que Trump criou foi fundamental para a invasão ao Capitólio, no início do ano passado.
Sena Santos fala de Donald Trump para fazer a ligação a Elon Musk: “Há uma criatura, Elon Musk, que diz ser um absolutista da liberdade de expressão. Defende que toda a gente deve poder dizer o que lhe apetecer, mesmo que isso que queira dizer seja uma mentira que faça parte de um plano de manipulação, de conspiração”.
“Ou seja”, continuou o cronista, Musk está entre os que defendem que “qualquer Trump deve poder dizer o que lhe apetecer, mesmo que isso seja manipular, espalhar falsidades, distorcer a realidade”.
O multimilionário “parte do facto de ser o homem mais rico do mundo para julgar que esse poder abre portas a todos os caprichos. Conseguiu, em três semanas, dar a volta aos diversos mecanismos de regulação e ampliar o poder que tem, ao comprar a plataforma mais utilizada no jornalismo e na polícia”, descreveu.
Sena Santos salienta que esta compra não é um negócio para ganhar dinheiro porque, segundo o próprio Musk, a prioridade é que o Twitter seja a praça pública, com absoluta liberdade de expressão, sem censuras.
O documento intitulado Digital Services Act é um “arsenal legislativo” para combater os abusos radicais publicados na internet. Pretende que as plataformas eliminem conteúdos ilegais e perigosos, ou por incentivarem ódio, violência e racismo, ou por promoverem outros crimes.
“É um mecanismo de controlo que ainda será testado. Mas há quem já esteja contra, como Musk estará”, analisou Francisco Sena Santos, que também não quer cair no outro extremo, de “uma Rússia que prende a liberdade de expressão”.
SOS Racismo e Amnistia Internacional
A SOS Racismo também reagiu a este negócio e deixou um aviso: esta compra não está relacionada com liberdade de expressão; está relacionada com dinheiro, só.
“Não nos podemos deixar enganar em relação à suposta benignidade e quase altruísmo da sua motivação. Não nos enganemos, não nos está a tentar libertar da máquina da censura. Está a tentar ganhar dinheiro“, declarou a entidade, na CNN Portugal.
A Amnistia Internacional lançou outro alerta: “A última coisa que precisamos é que o Twitter feche os olhos a discursos violentos”.
https://zap.aeiou.pt/musk-trump-475627
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