A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, reuniu-se com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, em Kiev, para garantir que a entrada do país na União Europeia será acelerada. Antes disso, foi a Bucha ver os sinais do massacre que aí ocorreu e depois anunciou o envio de mais armas, tal como Zelenskyy tanto tem pedido.
Na visita a Bucha, localidade nas imediações de Kiev, Ursula von der Leyen foi acompanhada pelo chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e pelo primeiro-ministro da Eslováquia, Eduard Heger. Os três responsáveis deslocaram-se ao local onde foi escavada uma vala comum e onde foram enterrados mais de uma dezena de civis.
“É impensável o que aconteceu aqui”, referiu Von der Leyen em Bucha, sublinhando que “vemos a face cruel do exército de Putin“.
“Aqui em Bucha, vimos a nossa humanidade a ser despedaçada“, disse ainda, salientando que “o mundo inteiro está de luto com o povo da Ucrânia” que está “a defender a Europa e a democracia“. “Estamos com ele nesta luta importante”, vincou. Durante a visita a Bucha, os três representantes europeus foram acompanhados pelo primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, e pelo presidente da Câmara de Bucha, Anatoliy Fedoruk.
“Mostrei a Von der Leyen, Borrell e Heger as atrocidades cometidas pelas tropas russas contra civis ucranianos. Nunca iremos perdoar o inimigo por estes crimes. Trabalhamos com os nossos parceiros europeus para deter o agressor o mais rápido possível”, escreveu Shmyhal na sua conta na rede social Twitter.
Após a passagem pelo sítio da vala comum, localizada num pátio de uma igreja, Von der Leyen e Borrell entraram no local de culto para acender velas. Seguiram depois para a rua Volknalna, uma das mais danificadas durante a ocupação de Bucha e onde ainda estão dezenas de tanques queimados.
Kiev espera ser candidata à UE já em Junho
Após a visita a Bucha, Von der Leyen esteve reunida com Zelenskyy em Kiev, no coração da Presidência da Ucrânia, onde prometeu a concretização de um relatório “em semanas” sobre a candidatura do país para a adesão à UE.
“Este é um passo importante para chegar à UE“, referiu Von der Leyen a Zelensky quando lhe entregava o documento com as perguntas que terão de ser respondidas por Kiev, passo necessário para o início do processo.
A chefe do executivo comunitário garantiu ao chefe de Estado ucraniano que a análise da candidatura por parte da Comissão “não vai ser, como sempre, uma questão de anos, mas antes de semanas”.
Iniciativas semelhantes de países dos Balcãs ocidentais tiveram de esperar, no mínimo, meses para o início do mecanismo, após o seu pedido de adesão.
A vice-primeira-ministra da Integração Europeia e Euro-Atlântica da Ucrânia, Olga Stefanishina, já disse que tem esperança de que o país possa tornar-se candidato à adesão à UE já em Junho próximo.
“Esperamos que, na cimeira dos líderes da UE em Junho deste ano, a Ucrânia se torne candidata à adesão, e que esse processo abra novos horizontes políticos para nós, mas acima de tudo, horizontes financeiros“, apontou, segundo a agência de notícias Interfax.
UE arma Ucrânia
Após o encontro com Zelenskyy, Von der Leyen sublinhou que “a Ucrânia pertence à família europeia”. “Vamos acelerar este processo tanto quanto conseguirmos, enquanto garantindo que todas as condições são respeitadas”, prometeu também numa publicação no Twitter.
Von der Leyen escreveu ainda que a UE “alocou mil milhões de euros para apoiar as Forças Armadas Ucranianas com armas” e assegurou que “mais virá”. “Vamos propor mais 500 milhões para apoiar as Forças Armadas Ucranianas”, notou ainda.
“O povo ucraniano está a segurar a torcha da liberdade para todos nós”, acrescentou.
UE diz que ataque a estação de comboios é “crime de guerra”
Von der Leyen também condenou o ataque a uma estação de comboios ucraniana na cidade de Kramatorsk, que matou 52 pessoas. “É um pesadelo”, referiu a presidente da CE.
A UE já se manifestou “profundamente consternada” com o ataque russo contra a esta estação, sublinhando que os responsáveis por este “crime de guerra” devem “prestar contas”.
“Não deve haver impunidade para os crimes de guerra. A UE apoia medidas para garantir a prestação de contas pelas violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário”, sublinhou, em comunicado, um porta-voz do Serviço Europeu de Acção Externa.
A UE condenou o “bombardeamento brutal e indiscriminado de civis inocentes, incluindo de muitas crianças” que fugiam do terror dos ataques russos nesta localidade na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Segundo as autoridades ucranianas, no ataque morreram 52 pessoas, incluindo oito crianças, e cerca de cem pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade.
Borrell anuncia regresso de embaixador da UE a Kiev
O chefe da diplomacia europeia anunciou, durante a visita a Kiev com Von der Leyen, o regresso do embaixador da UE à capital ucraniana, para que o bloco europeu e a Ucrânia possam “trabalhar juntos de forma ainda mais directa e estreita”.
“A UE volta a Kiev. Digo-o literalmente: o nosso chefe de delegação voltou a Kiev, para que possamos trabalhar juntos de forma ainda mais directa e estreita”, anunciou o Alto Representante da UE para a Política Externa na capital ucraniana.
As forças russas tentaram entrar em Kiev nos primeiros dias da invasão da Ucrânia, lançada em 24 de Fevereiro, mas a cidade resistiu aos ataques russos e o Governo continuou a trabalhar desde a capital, tendo Borrell considerado “impressionante” a forma como as autoridades conseguiram prosseguir o seu trabalhado “em circunstâncias tão difíceis”.
A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos, naquela que é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
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