A covid-19 continua a desacelerar a economia na Indonésia e
pode causar graves impactos nos recém-licenciados que entram no mercado
de trabalho pela primeira vez.
Na Indonésia, o crescimento económico diminuiu para 2,97% durante o
primeiro trimestre e muitas empresas deixaram de recrutar novos
funcionários já em março. Os dados apontam que a taxa de desemprego do
país pode atingir o nível mais alto em mais de uma década, subindo para
9,2% – ou quase 13 milhões de pessoas – até ao final de 2020.
Mesmo antes da pandemia, a taxa de desemprego entre os jovens era uma das mais altas
do Sudeste Asiático. Agora, pode piorar: a covid-19 trouxe com ela
maiores barreiras à entrada no mercado de trabalho, salários mais baixos
e agravamento das condições de trabalho.
De acordo com um artigo publicado no The Conversation,
os baixos níveis de educação e a falta de avanços digitais são fatores
que contribuem para os altos níveis de desemprego. Muhammad Adi Rahman,
investigador no Instituto SMERU, disse que a pandemia só irá piorar a
situação e dificultar a integração de recém-licenciados no mercado de
trabalho.
“A competição será muito mais acesa. Os jovens terão
de lutar não apenas com outros jovens candidatos, mas também com
candidatos a emprego que foram demitidos por causa da crise”, explicou.
No entanto, no caso dos jovens que consigam um emprego durante a
pandemia, as perdas financeiras duradouras, em comparação com aqueles
que conseguem um emprego em condições económicas normais, vão
prejudicá-los de forma acentuada.
Hizkia Polimpung, investigador da Universidade Bhayangkara, em Jacarta, alerta ainda que a recessão
também pode afetar negativamente as condições de trabalho. O impacto
será pior para os jovens candidatos, dado que terão uma “reserva
salarial” reduzida em comparação com os trabalhadores experientes.
“O resultado final não é apenas a possibilidade de desemprego, mas
também as condições abusivas”, que podem forçar alguns jovens
“desesperados” a aceitar empregos para os quais são superqualificados e
cujas oportunidades de crescimento são mínimas.
Muhammad Adi Rahman defende que, perante este cenário, é muito importante estimular a economia com subsídios e incentivos financeiros
– especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs) – para que
consigam enfrentar os choques do mercado do trabalho causados pela
pandemia de covid-19.
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