O uso de poeira de rocha na agricultura traz não só vantagens
para a colheita, mas também para o ambiente. Esta técnica permite uma
remoção eficiente do dióxido de carbono.
Espalhar poeira de rocha nos terrenos agrícolas pode economizar cerca
de um décimo do “orçamento de carbono” da humanidade, a quantidade de
dióxido de carbono que podemos emitir sem provocar níveis catastróficos
de aquecimento global. Os países que mais têm a ganhar com esta técnica
são a China, os Estados Unidos e a Índia, os três maiores emissores de CO2 do mundo.
As rochas absorvem naturalmente CO2, mas com esta técnica, conhecida como enhanced rock weathering (ERW), o efeito é amplificado, já que a rocha fica a cobrir uma maior área, escreve a New Scientist.
Considerando o clima, a área das terras cultivadas e os sistemas
energéticos dos países, os cientistas descobriram que a poeira das
rochas poderia remover entre 0,5 e 2 gigatoneladas de CO2, por ano, até
2050.
“Se você pode extrair uma gigatonelada por ano, é significativo.
Duas gigatoneladas são as emissões combinadas de CO2 da aviação e da
navegação, e essas duas serão muito difíceis de descarbonizar. Eu diria
que tem um potencial muito interessante para transformar a forma como
gerimos o cenário agrícola”, diz David Beerling, da Universidade de
Sheffield, no Reino Unido.
Feitas as contas, se duas gigatoneladas de CO2 fossem removidas anualmente durante mais de meio século, poderia-se poupar 12% do tal “orçamento de carbono”.
O uso de poeira de rocha não só é uma opção amiga do ambiente como as evidências científicas sugerem também que aumenta o rendimento das colheitas. Este novo estudo foi publicado esta quarta-feira na revista científica Nature.
“Precisamos de limpar esta trapalhada de maneira sensata, numa escala
de tempo de décadas a séculos”, diz o coautor James Hansen. “Uma das
maneiras com múltiplos benefícios é o cultivo com poeira de rocha. Gosto
particularmente porque é mais permanente do que a maioria dos esquemas
de remoção de CO2”.
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