sábado, 13 de novembro de 2021

“O tempo está a esgotar-se” - Falta de consenso pode adiar fim da COP26 !


A conferência do clima (COP26) que decorre em Glasgow, na Escócia, está prevista terminar esta sexta-feira, mas a falta de consenso sobre o texto final deverá prolongá-la pelo fim-de-semana.

Esta manhã, deverá haver uma reunião entre o presidente da cimeira, Alok Sharma, e os representantes dos países participantes para se chegar a um texto final, mas o próprio responsável tem dito que ainda há muito para resolver.

Na quinta-feira, numa conferência de imprensa, Sharma reconheceu que ainda não havia acordo sobre “questões mais críticas”, que “há muito trabalho para fazer” e avisou as nações que “o tempo está a esgotar-se”, lembrando que a COP226 está prevista terminar hoje e pedindo “compromisso”.

Questionado sobre as tentativas de alguns países para diluir a linguagem das conclusões, por exemplo removendo as referências ao fim do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis”, Sharma reiterou o desejo de obter decisões “ambiciosas”.

“Acho que os rascunhos das decisões divulgadas foram ambiciosos e penso que, se forem adotados como pretendemos, poderemos dizer com credibilidade que mantivemos os 1,5 graus ao alcance.”

Uma das questões que não reúne consenso é o capítulo da mitigação. Também em conferência de imprensa, Archie Young, principal negociador do Reino Unido, confirmou que “durante as conversações, um país, em representação de vários, sugeriu que se devia apagar toda a parte da mitigação”, cita o jornal Público.

Os trabalhos continuaram na noite passada e hoje serão discutidos novos textos. Mas tanto o ministro português do Ambiente, João Matos Fernandes, como o presidente da organização ambientalista Zero, Francisco Ferreira, que têm acompanhado a cimeira, já tinham apontado que esta iria prolongar-se pelo fim-de-semana. Afinal, todas as conferências sobre o clima se prolongaram além da data prevista de encerramento.

“Muito dificilmente a cimeira acabará esta sexta-feira. Entre outras questões, ainda há um certo drama em torno do Artigo 6. Estou convencido de que deverá prolongar-se até sábado”, disse o ambientalista ao mesmo diário.

Contudo, apesar destas dificuldades nas negociações, o Público lembra que o acordo anunciado pelos Estados Unidos e pela China na quarta-feira acabou por trazer algum ânimo. Em causa está a colaboração das duas potências na corrida para o corte de emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

Nesse sentido, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu que tem havido “anúncios encorajadores” em Glasgow, mas que “estão longe de ser suficientes”.

“As promessas soam ocas quando a indústria das energias fósseis continua a receber triliões de subvenções (…) ou quando os países continuam a construir centrais a carvão”, afirmou o português.

“Cada país, cada cidade, cada empresa, cada instituição financeira deve reduzir radicalmente, de forma credível e verificável as suas emissões, e descarbonizar os seus trabalhos, começando agora mesmo“, disse ainda.

Esta sexta-feira, quando já não há agenda oficial da presidência, há ainda uma agenda paralela, mais virada para questões culturais. Será um dia dedicado a documentários, à arte e à cultura em geral, seja envolvendo crianças e jovens, seja organizações da sociedade civil.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus Celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

https://zap.aeiou.pt/falta-consenso-pode-adiar-fim-cop26-444182


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