Papa aponta o exemplo do seu antecessor, Bento XVI, para dizer que "hoje em dia um Papa emérito não é uma coisa rara".
"O que o Papa Bento fez foi abrir uma porta", disse Francisco
O Papa Francisco diz ter "a sensação" de que o seu papado vai ser
"breve", e considera que a renúncia de Bento XVI é mais o início de uma
nova tendência do que um acto excepcional.
Numa
entrevista ao canal de televisão mexicano Televisa, Francisco falou de
vários temas, dando particular destaque ao tema da imigração, mas também
à sua escolha como Papa.
Pondo
de lado a ideia de que tem assumido a posição de líder da Igreja
Católica quase contrariado – "Não desgosto [de ser Papa]", disse à entrevistadora Valentina Alazraki –, Francisco deu a entender que a saída do Vaticano poderá estar mais próxima do que seria de esperar.
"Tenho
a sensação de que o meu pontificado vai ser breve. Quatro ou cinco
anos. Ou dois ou três, não sei. E dois já passaram", disse o Papa.
Sem apresentar qualquer motivo em especial, Francisco disse apenas que "é uma sensação um pouco vaga".
"Não sei o que é. Mas tenho a sensação de que o Senhor me escolheu para uma tarefa breve. Mas é uma sensação", disse.
Confrontado com a possibilidade de seguir os passos do seu antecessor, que renunciou ao cargo em Fevereiro de 2013, aos 85 anos, o Papa Francisco aproveitou para interpretar o acto da renúncia de um líder da Igreja Católica.
"O
que o Papa Bento fez foi abrir uma porta. Há 70 anos não havia bispos
eméritos, e hoje temos 1400. Ou seja, chegou-se à conclusão de que um
homem, depois dos 75 anos, por volta dessa idade, não pode carregar com o
peso de uma igreja em particular. O que o Papa Bento fez, com muita
coragem, foi abrir as portas a Papas eméritos", disse Francisco.
Salientando
que não concorda com o estabelecimento de uma idade máxima para o
exercício do cargo, o Papa disse, ainda assim, que Bento XVI "não deve ser considerado como uma excepção, mas sim como uma instituição".
"Talvez
seja o único durante muito tempo, talvez não. Mas foi aberta uma porta
institucional. Hoje em dia, um Papa emérito não é uma coisa rara",
frisou.
Em relação à
imigração, o Papa Francisco disse que "a Europa está a repensar a
situação" e elogiou a "generosidade" de Itália, em particular dos
líderes políticos da ilha de Lampedusa, destino de quem consegue sobreviver à travessia do Mar Mediterrâneo.
"Hoje
em dia, a emigração está muito relacionada com a fome, com a falta de
trabalho", disse o Papa. "E com esta tirania de um sistema económico que
põe o deus dinheiro no centro, e não as pessoas."
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