Não são poucos os estudos que dependem de pessoas dispostas a fazer
sexo pelo bem da ciência. Mas quem são essas pessoas que, como no caso
de uma pesquisa sobre as melhores posições sexuais para quem tem dor nas
costas, se propõem a isso?
No trabalho em questão, casais foram filmados usando captura de
movimento e tecnologia infravermelha enquanto tinham relações sexuais.
Os pesquisadores estavam em uma cabine separada, onde eles podiam ouvir,
mas não ver, os participantes. Eletrodos foram utilizados para
registrar a atividade muscular em determinadas partes do corpo, para ter
uma ideia da força utilizada em cada uma delas.
- 5 atividades sexuais “depravadas” que são boas para sua saúde
Outros estudos são mais invasivos. A pletismografia peniana ou
falometria mede a circunferência do pênis em resposta a imagens sexuais,
registrando o quão excitado um homem fica em resposta à pornografia. Já
a excitação sexual das mulheres é medida pela pletismografia vaginal,
na qual um sensor dentro de um pequeno cilindro é inserido na vagina
como um absorvente interno. Não é uma experiência particularmente sexy,
dá para imaginar.
Porém, será que algumas pessoas ficam excitadas a saber que suas atividades sexuais estão sendo monitoradas por especialistas?
Mestres pioneiros
William H. Masters e Virginia E. Johnson foram os primeiros
pesquisadores a observar sexo no laboratório, em 1950, nos Estados
Unidos. Eles estudaram 145 prostitutas em seus primeiros experimentos,
devido a preocupações de que ninguém mais gostaria de participar.
A pesquisa seguinte da dupla envolveu voluntários da comunidade em
geral. Eles observaram 300 casais, que foram aleatoriamente divididos em
pares, fazendo sexo. Eles também estudaram a sua própria resposta
sexual – tendo relações sexuais um com o outro pela ciência, enquanto
conectados a equipamentos de laboratório.
- Sexo com amor é melhor?
Sua teoria do “ciclo de resposta sexual humana” resultou desse
trabalho. Este ciclo de excitação, orgasmo e satisfação durante a
relação sexual foi a base para a definição do sexo normal e da
“disfunção” sexual. Esta teoria teve enorme influência sobre como o sexo
foi conceituado na medicina e na sociedade.
Métodos e voluntários questionáveis
Para evitar críticas, os primeiros pesquisadores da área adotavam
métodos experimentais sem pensar duas vezes em busca de ser o mais
“científicos” o possível. Porém, tais técnicas são questionadas pois a
resposta corporal não é a única maneira de entender o sexo – há,
inclusive, a ideia de que o sexo acontece mesmo dentro do cérebro, dando
mais importância a sentimentos e crenças do que à resposta física. O
desejo sexual das mulheres é muitas vezes associado a ser desejada, por
exemplo, em vez de a uma resposta fisiológica.
Também se questiona a representatividade dos sujeitos que aceitam
participar de tais testes, já que descobriu-se que homens que se
voluntariam para experiências sexuais sentem menos culpa e medo em
relação ao sexo do que aqueles que se recusam. Eles têm, ainda, mais
parceiros sexuais do que os não voluntários e se envolvem em
comportamentos sexuais mais diversos. Já as mulheres que se voluntariam
teriam mais traumas sexuais, se masturbariam com mais frequência e
teriam tido maior exposição à pornografia quando mais novas. Assim como
no caso dos homens, elas também teriam menos medo sexual.
- 10 coisas que você não sabia sobre a biologia do sexo
“Hoje, os pesquisadores que utilizam métodos experimentais para
estudar o sexo estão em minoria”, conta Jane Ussher, professora de
Psicologia da Saúde da Mulher no Centro para Pesquisa em Saúde da
Universidade de Western Sydney. Considerações éticas, dificuldades no
recrutamento,dificuldades na obtenção de financiamento e a consciência
de que o sexo é mais do que o corpo são algumas das razões para isso.
Os estudiosos da área têm usado principalmente questionários ou
entrevistas, perguntando às pessoas sobre suas experiências sexuais e
desejos – método que, de forma semelhante ao já citado, está sujeito a
falhas de representatividade. Neste caso, descobriu-se que os
voluntários têm experiência sexual, maior busca de sensações, têm mais
fantasias sexuais, se masturbam mais e têm menor em conformidade social.
Eles também têm maior autoestima e são geralmente mais abertos.
Importância inquestionável
Porém, isso tudo não significa que todos os voluntários de pesquisas
sobre a sexualidade sejam exibicionistas não conformistas – ou que haja
algo de errado se eles forem. Assim como há aqueles que são
descontraídos em relação a este assunto, muitas pessoas que se oferecem
para participar de pesquisas sobre a sexualidade têm preocupações ou
dificuldades, e querem ajudar outros que estão na mesma situação.
Decidir qual método é melhor para estudar o sexo depende da questão a
ser pesquisada. Os interessados no funcionamento do corpo e da
medição de resposta sexual ficam no laboratório. Já as emoções,
sentimentos e construções culturais do sexo exigem uma entrevista ou
enquete. Segundo Jane, a união destas metodologias gera um quadro mais
completo da complexidade do desejo e do comportamento sexual.
Fonte: http://hypescience.com/voce-faria-sexo-pela-ciencia/
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