Até recentemente, os cientistas achavam que a configuração do olho
humano não fazia sentido: era como se as células da retina estivessem do
“lado errado”, com a luz viajando através de uma massa de neurônios
antes de atingir as células de detecção de luz.
Uma nova pesquisa descobriu que esta estrutura intrigante, embora
pareça ineficiente à primeira vista, tem uma função de aumento de visão
notável.
- 14 macrofotografias incríveis do olho humano
A estrutura
A retina é a parte sensível à luz do olho, que reveste o interior do
globo ocular. A parte de trás da retina contém cones para a percepção
das cores vermelha, verde e azul. Espalhados entre os cones estão os
bastonetes, que são muito mais sensíveis à luz do que os cones, mas que
são daltônicos.
Antes de chegar aos cones e bastonetes, a luz deve atravessar toda a
espessura da retina, com suas camadas de neurônios e núcleos celulares.
Esses neurônios processam a informação da imagem e a transmitem para o
cérebro, mas até recentemente não estava claro por que essas células se
encontravam na frente dos cones e bastonetes, e não atrás delas.
- Cientistas descobrem depósito de células tronco no olho humano
O papel dessas células
Pesquisadores alemães descobriram que as células gliais, que também
abrangem a profundidade da retina e se conectam aos cones, tem um
atributo interessante. Estas células são essenciais para o metabolismo,
mas também são mais densas do que as outras células da retina. Na retina
transparente, esta densidade mais elevada (e índice de refração
correspondente) significa que as células da glia podem guiar a luz,
assim como cabos de fibra óptica.
- Cérebro humano é capaz de desviar atenção visual antes do movimento dos olhos
Em vista disso, cientistas do Instituto de Tecnologia de Israel
construíram um modelo da retina, e mostraram que as células gliais
ajudam a aumentar a clareza da visão humana.
Eles também notaram que as cores que melhor passaram pelas células
gliais são o verde e vermelho, que o olho precisa mais para a visão
diurna. O olho normalmente recebe muito azul e, portanto, tem menos
cones sensíveis a essa cor.
A prova experimental
O resultado surpreendente da simulação precisava de uma prova
experimental. Assim, colegas da Escola de Medicina Technion, do
Instituto de Tecnologia de Israel, testaram como a luz atravessa as
retinas de porquinhos-da-índia. Como seres humanos, esses animais são
ativos durante o dia e sua estrutura de retina tem sido bem
caracterizada.
- Seus olhos conseguem ver luz infravermelha “invisível”
O resultado foi fácil de notar: em cada camada da retina, a luz não
era espalhada uniformemente, mas concentrada em alguns pontos. Estes
pontos eram continuados de camada para camada, criando assim colunas
alongadas de luz, conduzida da entrada da retina até os cones na camada
de detecção.
A luz foi concentrada nestas colunas até dez vezes em comparação com a intensidade média.
Ainda mais interessante foi o fato de que as cores que foram melhor
guiadas pelas células gliais emparelharam muito bem com as cores dos
cones. Os cones não são tão sensíveis quanto os bastonetes, de forma que
a luz adicional permitiu-lhes funcionar melhor – mesmo sob níveis
baixos de luz. Enquanto isso, a luz mais azul, que não foi bem capturada
nas células gliais, era espalhada pelos bastonetes na sua vizinhança.
Sendo assim…
As descobertas significam que a retina foi otimizada para que os
tamanhos e densidades de células gliais “se encaixem” com as cores que o
olho humano é sensível. Essa otimização é tal que a visão de cores
durante o dia é reforçada, enquanto a visão da noite não é prejudicada.
O efeito também funciona melhor quando a pupila é contraída em alta iluminação, aumentando ainda mais a clareza da nossa visão.
Fonte: http://hypescience.com/olho-humano-estrutura-que-parece-ineficiente-na-verdade-melhora-nossa-visao/
Nenhum comentário:
Postar um comentário