Resultou expressivamente em ratos e em macacos: os animais obesos
diminuíram o peso até se tornarem saudáveis. O próximo passo é descobrir
se tem o mesmo sucesso em humanos.
O comprimido não tem efeitos secundários
Até agora, nada parecia para travar, de vez, a obesidade. Ou a
fórmula dos medicamentos não tinha resultados visíveis no corpo de quem
os consumia, ou eram fisicamente eficientes mas altamente nocivos para o
sistema nervoso.
Há muito que a ciência perseguia um remédio
capaz de adelgaçar o corpo humano, sem efeitos secundários. Agora,
segundo um artigo publicado na revista Cell Metabolism,
o Centro Nacional de Investigações Oncológicas diz ter encontrado a
fórmula milagrosa. Ou pelo menos parte dela, visto que teve resultados
notórios nas cobaias dos cientistas, ratos e macacos. Sem
revelar efeitos secundários visíveis, o comprimido contribuiu para a
perda de gordura corporal de 20% em ratos e de 7,5% nos macacos.
É nestes últimos valores que reside toda a esperança para o sucesso
em humanos. Francesc Villarroya, chefe de grupo do Centro de
Investigação Biomédica em Rede de Fisiopatia da Obesidade e da Nutrição,
diz que se trata de “um trabalho muito relevante” pela sua orientação
clínica. O próximo passo é estudar o funcionamento em humanos, “um salto
complexo claro e cheio de incertezas” segundo Manuel Serrano, do CNIO.
Uma descoberta feita sem querer
Os cientistas do grupo de Serrano estavam a analisar supressores
tumorais, isto é, genes que trabalham na proteção contra o cancro. Um
deles chama-se PTEN, que diminui a atividade da enzima PI3K, substância
que em excesso se associa a processos de neoplásicos (cancerígenas).
Quando
modificaram geneticamente os ratos de laboratório, os cientistas não
ficaram surpreendidos ao observar que ao potenciar o gene PTEN a
concentração da enzima PI3K diminuía e que os organismos se tornavam
mais protegidos contra o cancro. Mas ficaram curiosos quando perceberam
que os ratos também perdiam peso. E ao estudarem esse fenómeno, chegaram
até ao CNIO-Pl3Ki, um inibidor da enzima.
Há dois modos de perder
peso: ou se opta por reduzir o consumo de calorias ou se escolhe
potenciar o consumo de energia pelo exercício físico. Conforme explica
Ana Ortega-Molina, autora do artigo, a enzima PI3K intromete-se no
equilíbrio entre o consumo e o armazenamento de nutrientes a nível
social, dificultando a perda de peso.
A administração de pequenas
quantidades do inibidor desta enzima trouxe resultados muito expressivos
em cobaias obesas, embora a perda de peso estabilize a partir de certa
altura. Mas durante este processo, apenas foi perdida massa gorda: a
massa óssea e a massa muscular mantiveram-se e os valores de glicemia
não se alteraram.
É neste ponto que o comprimido traz mudanças
para a medicina. É que “na obesidade não se pode perder peso
continuamente, pois seria muito perigoso. O ideal é alterar o equilíbrio
entre o gasto e o armazenamento de nutrientes para chegar a um novo
balanço”, explica Elena López-Guadamillas do CNIO.
Em animais não obesos o medicamento não produziu efeitos, mas demonstrou-se inócuo para o corpo e para a mente.
Fonte: http://observador.pt/2015/03/30/um-medicamento-trava-mesmo-obesidade-pelo-menos-ratos-macacos/
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